Prefácio
John Henry Newman nasceu em 1801, em Londres, sendo o mais velho de uma família de três irmãos e três irmãs. Seu pai, John Newman, foi banqueiro em Londres, e sua mãe, Jemina Fourdrinier, descendia de uma família de eminentes refugiados huguenotes.
Newman entrou para o Trinity College em Oxford em 1817, e em 1822 foi eleito para o prestigiado Oriel College. Em 1823, tornou-se diácono na Christ Church Cathedral em Oxford, e no ano seguinte foi ordenado sacerdote anglicano. Em 1828, tornou-se vigário da St Mary’s Church.
A partir de 1833, iniciou por iniciativa própria a publicação de uma série de artigos teológicos (Tracts for the times) que iam desde panfletos até volumes de maior calibre, destinados a discutir uma base definitiva para a doutrina e disciplina na Igreja Anglicana. Ao fim da década de 1830, Newman era figura de enorme destaque em Oxford. A série teve fim em 1841, por ordem do Bispo de Oxford, com a publicação do Tract número 90. O objetivo do Tract 90, em comum com muitos outros da série, foi estabelecer que a identidade eclesiológica fundamental da Igreja da Inglaterra era católica, e não protestante. Em 1843, Newman publicou, anonimamente, uma retratação sobre todas as suas duras críticas que havia endereçado ao Catolicismo. Em 1846, Newman mudou-se para Oscott, um seminário Católico Romano da Arquidiocese de Birmingham, e em seguida foi a Roma, onde foi ordenado sacerdote pelo cardeal Giacomo Fransoni e obteve do Papa Pio IX o título de Divinitatis Doctor. Em 1879, o Papa Leão XIII consagrou Newman Cardeal-Diácono de San Giorgio al Velabro, uma Igreja em Roma dedicada à São Jorge. A partir de 1886, sua saúde tornou-se frágil e ele celebrou sua última missa no dia de Natal em 1889. Em 1991, Newman foi proclamado “Venerável” pela Congregação para as Causas dos Santos, sendo beatificado em 19 de setembro de 2010 pelo Papa Bento XVI.
Sua extensa obra inclui 275 sermões publicados. Os sermões aqui selecionados foram publicados em alguns dos oito volumes dos Parochial and Plain Sermons, que compreendem sermões escritos e pregados entre 1825 e 1843, quando Newman era vigário da St. Mary’s Church da Universidade de Oxford. Os sermões deste período são caracterizados por sua simplicidade, elegância e ao mesmo tempo profundidade, talvez sendo esses alguns dos motivos pelos quais centenas de pessoas afluíam à esta igreja nos cultos dominicais.
Há um relato de William Gladstone, o grande primeiro-ministro britânico, sobre os modos de pregar de Newman: “não havia muita mudança na inflexão da voz; ação, não havia nenhuma. Seus sermões eram lidos, e seus olhos sempre estavam voltados para o texto. Tudo isso, você diria, é contra a eficiência na pregação. Sim, mas devemos levar em conta o homem como um todo: havia uma marca e um selo sobre ele; havia uma doçura solene e música na sua entonação; havia uma completude na figura, tomada em conjunto com o tom e com a maneira, que fazia a pregação, como eu a descrevi, que embora, exclusivamente a partir de sermões escritos, era singularmente atraente.” Ainda, de acordo com John Shairp, um contemporâneo em Oxford, a maneira de pregar de Newman, não incluía “declamação”, “veemência” ou “mostras de elaborados artifícios intelectuais”.
Apesar de alguns discursos de Newman estarem caracterizados entre os melhores e mais famosos da língua inglesa, por seu conteúdo e estilo, Newman realmente acreditava que a visão de um clérigo devoto que rezava ou cumprisse seus deveres dentro e fora de sua igreja possuía mais efeito do que qualquer sermão.
F.A. Vitta