Trecho da Apresentação (Cardeal Timothy Michael Dolan)
Como deve um cristão responder às formas populares de arte e entretenimento encontradas em nossa cultura? Por exemplo: deveria uma jovem que busca a santidade evitar totalmente o último filme ou programa televisivo cujos personagens talvez ajam de modo contrário aos ensinamentos de Jesus Cristo, ou que promovem ideias contrárias aos ensinamentos da Igreja? Há certamente quem aconselhe o afastamento e mesmo a rejeição da cultura popular quando está em desacordo com a Igreja, e tais pessoas encorajariam essa jovem a ocupar seu tempo com material explicitamente cristão. Mas, embora possa haver ocasiões em que algumas coisas devem mesmo ser evitadas, podemos também considerar esta situação, não simplesmente como uma fútil perda de tempo, mas como uma oportunidade de envolver-se com a cultura de uma forma que nos permita evangelizar!
Trecho da Introdução
Logo abaixo do Partenon e da Acrópole, em Atenas, há um afloramento rochoso chamado o Areópago, o qual, em tempos antigos, funcionava como um fórum para a adjudicação de disputas legais e a divulgação de opiniões filosóficas. A este lugar, por volta do ano 55, chegou um homem que tinha sido formado tanto na tradição grega quanto na judaica, e que tinha uma mensagem nova para divulgar. O apóstolo Paulo começou, não pela mensagem em si, mas antes por uma observação sobre a religiosidade vigente na cidade: “Atenienses! Vejo que, sob todos os aspectos, sois os mais religiosos dos homens. Pois, percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados, encontrei até um altar com a inscrição: ‘Ao deus desconhecido’” (At 17,23). Os cristãos sempre consideraram a estratégia de Paulo no Areópago como um modelo de evangelização da cultura. Antes de semear a Palavra, procura-se por semina verbi [sementes do verbo ou palavra] já presentes entre a população que se deseja evangelizar. A ideia é que, uma vez descobertas essas sementes, a Palavra de Cristo já não parecerá tão estranha ou deslocada. Na melhor das hipóteses, um não crente poderia dar-se conta de que, na verdade, já vinha adorando Cristo, embora sob o disfarce de um “deus desconhecido”.
Trecho do último capítulo: O moderno areópago
Alguns dos meus colegas acadêmicos sempre se mostraram céticos quanto à possibilidade de que qualquer comunicação séria da fé possa ocorrer num fórum tão circunscrito e popular. Eles sustentam que nada inferior a um documento de trinta páginas, com muitas notas de rodapé, poderá fazer justiça a uma questão complexa. Eu tive uma formação acadêmica, e passei quase 25 anos ensinando e escrevendo exatamente esse tipo de documentos e livros, mas discordo enfaticamente de uma posição que efetivamente excluiria a voz católica do fórum mais amplo da cultura. John Henry Newman, G. K. Chesterton, Ronald Knox, C. S. Lewis e Fulton Sheen, todos eles escreveram artigos substanciosos, mas acessíveis, para a grande imprensa, e o YouTube é hoje uma arena semelhante. Se os fiéis intelectualmente sérios se afastam desse âmbito mais amplo e ficam reclusos às suas bibliotecas e salas de aula, o espaço público ficará entregue aos ateus e secularistas.