Apresentação
A Chiara e a vocês
A Chiara
Meu amor, o desejo de te conhecer não desaparece. Não só em meu coração, mas também no coração de tantos que encontram na tua graça e no teu sorriso aqueles de um Outro. O Senhor age realmente desta maneira: deixa-Se contemplar através de um véu, na história e nos olhos de quem já O ama, e se deixa entrever somente para nos enamorar. É a lógica do amor. Aquela do aproximar-se, do conquistar e do encontrar-se. Aquela do “vejo, não vejo” (lembras de como eu denominei esta teoria? Como nos divertíamos! Quantas risadas... Sinto tanto a tua falta!).
Assim como a Virgem Maria, nunca falas de si mesma, mas do teu Amor. Quanto te assemelhas a ela! Foi ela quem te apresentou seu Filho e agora tu fazes o mesmo conosco. Muitos conhecem a Deus, mas não sabem quem realmente os conduziu a Ele. Mas esse era o nosso, o teu segredo: Maria.
Agora, me parece que é Ele quem te revela, e nos faz conhecer Sua filha muito amada. Sim, hoje eu te conheço melhor. Enxergo-te melhor e compreendo as minhas intuições, mas não poderia imaginar quem verdadeiramente eras, e com qual intimidade vivias com o Senhor. Todos se extasiam e continuam a me perguntar sobre ti, querem saber, te conhecer, compreender. “Como se faz para deixar-se amar?”, “Como se faz para abrir o coração?”, “Como se vence o medo?”, “Como se faz para estar na cruz?”, “Como se faz para... morrer?”. Minha Chiaretta, ajude-me a responder, continue a me falar do Senhor.
Daniel, um querido amigo, me deixou comovido quando, em oração no cemitério Verano (em Roma), beijando o leito onde agora estás dormindo, te chamou de “Chiara da Vida”. E é realmente isso o que és. Tu concilias o passado com o presente para fazer nascer aquela semente já plantada. Finalmente, muitas mães dão um nome aos próprios filhos.
Obrigado, Chiara da Vida.
A vocês
Um sacerdote missionário na África me contou que tinha perguntado aos jovens de um vilarejo se para eles era mais importante o sol ou a lua. A resposta o surpreendeu. A lua é mais importante, havia afirmado um deles, porque ilumina de noite. Penso da mesma maneira. De fato, somos chamados exatamente a isto: ser luz na escuridão.
Falar, para mim, não é fácil. No entanto, a beleza vivida é sempre maior que o cansaço. Sempre luz do mundo, sempre sal da terra. Aqui ainda choramos e rimos, e a vida de Chiara parece cada vez mais um evangelho. A minha vida com ela é o evangelho que conheço melhor.
Pedem-me para falar sobre isso nas paróquias, comunidades, movimentos, mas, infelizmente, na maioria das vezes eu não posso. Peço desculpas por isso.
Pensamos em Assis, na casa do padre Vito, como o local mais adequado para acolher um número indefinido de famílias, mantendo intacta aquela intimidade que somente se pode preservar se nos sentimos em casa.
No dia 15 de setembro de 2013, organizamos um evento para falarmos sobre Chiara, não para satisfazer curiosidades e indiscrições, mas para falar de Jesus e fazer discípulos de Cristo. Havia cerca de mil e duzentas pessoas.
Assim como os evangelistas, familiares e amigos contaram os mesmos fatos, mas cada um segundo a sua sensibilidade, a sua relação e as suas próprias recordações. Memórias de amor que, ao se entrelaçarem, revelaram Chiara na sua essência mais profunda: pobre e filha de Deus.
Este texto contém os testemunhos daquele dia. Não é um novo livro sobre Chiara, mas apenas outra fonte. Espero que estas lembranças também façam bem a todos que não puderam vir. Obrigada pelo amor de vocês. Boa caminhada.
Enrico (e Chiara) e Francesco