I. Os doze graus do silêncio[1]
Primeiro grau
Falar pouco com as criaturas e muito com Deus
Eis o primeiro passo indispensável para as vias solitárias do silêncio.
Na escola do silêncio, ensinam-se os elementos que dispõem à união com Deus. Nela, a alma estuda essa virtude no espírito do Evangelho, aprofunda-a no espírito da Regra que abraçou, respeitando os lugares consagrados, as pessoas, e sobretudo a língua... Nela, muitas vezes repousa o Verbo, a Palavra de Deus, o Verbo feito carne...
Silêncio em relação ao mundo... Silêncio sobre as notícias... Silêncio com as almas mais santas... E eis que voz de um Anjo perturbou Maria...
Segundo grau
Silêncio no trabalho, silêncio nos movimentos
Silêncio no andar. Silêncio dos olhos, dos ouvidos, da voz. Silêncio de todo o exterior, preparando a alma para unir-se a Deus.
Por esses primeiros esforços, a alma merece, tanto quanto necessita, ouvir a voz do Senhor. Como esse primeiro passo é bem recompensado! Deus atrai a alma ao deserto.
Assim, nesse segundo estado, a alma afasta tudo o que possa distraí-la. Afasta-se do ruído. Foge só, para aquele que é o só. Gozará então as primícias da união divina.
É o silêncio do recolhimento ou o recolhimento no silêncio.
Terceiro grau
Silêncio da imaginação
Essa faculdade é a primeira que vai bater à porta fechada do jardim do Esposo: emoções estranhas, vagas impressões, tristezas.
Aí no seu retiro, a alma dará ao seu Amado provas de seu amor. Apresentará à imaginação, que não pode ser aniquilada, os encantos de seu Senhor, as cenas do Calvário, as perfeições de Deus, as belezas do Céu. Permanecerá então, no silêncio, serva silenciosa do Amor divino.
[1] Texto da Irmã Maria Amada de Jesus (1839-1874), falecida em Paris, odor de santidade.