Prefácio
Pelo Bispo Robert Barron
Dietrich von Hildebrand foi uma das personalidades verdadeiramente grandes do século XX. Não quero dizer, é claro, que ele tenha sido uma celebridade, ou um bon vivant ou um favorito dos colunistas de fofocas ou dos apresentadores de programas de entrevistas. Utilizo esse termo no sentido em que o próprio Hildebrand o utilizou, para designar uma pessoa que responde autenticamente ao valor, alguém que possui uma alma refinada e adequadamente ordenada. É possível perceber a grandeza da personalidade de Hildebrand não apenas através de sua resposta generosa a toda uma gama de bens objetivos — artísticos, morais e, sobretudo, religiosos — mas também em sua resistência destemida e bem fundamentada a uma variada gama de desvalores. A sua oposição ao mal nunca foi tão evidente quanto em sua batalha de longos anos contra Hitler e sua ideologia nazista. É um mérito infinitamente grandioso que Hildebrand, em dado momento do final da década de 1930, tenha sido considerado o oponente número um de Hitler.
O ponto principal do livro que o leitor tem em mãos é que a liturgia da Igreja molda de maneira decisiva uma personalidade saudável. Hildebrand insiste ao longo do texto em que o objetivo primordial da liturgia não é formar a personalidade, mas louvar adequadamente a Deus, o valor supremo. Não obstante, justamente por direcionar os seres humanos tão perfeitamente para Deus, a liturgia realmente contribui, como que por um efeito colateral, para o seu florescimento. E como é importante este tema numa época em que domina o ceticismo em relação ao valor objetivo, e em que a Missa é tão frequentemente interpretada como uma celebração da comunidade de fiéis!
Para entender o argumento central de Hildebrand, precisamos ter clareza sobre o que ele quer dizer com “valor”, e para chegarmos a essa clareza precisamos entender a diferença entre o que ele chama de “apenas subjetivamente satisfatório” e “objetivamente valioso”. Algumas coisas são boas na medida em que satisfazem desejos ou necessidades básicas. É especialmente quando estou com fome que uma pizza me parece deliciosa; é quando estou com frio e cansado que uma cama quentinha se torna realmente atraente; é quando tenho algum objetivo prático que consigo encontrar utilidade num partido político bem organizado. A pizza, a cama confortável e o partido político, todos pertencem ao reino do subjetivamente satisfatório, e isso significa que o ego os direciona adequadamente ao seu propósito, “aproveitando-se” deles.
Mas os valores objetivos se encontram além dessa dimensão. São coisas, eventos, obras de arte, pessoas, etc., que possuem uma excelência, uma preciosidade, um esplendor e uma luminosidade intrínseca. Eles não se curvam ao propósito do ego, mas antes, fazem o ego curvar-se ao propósito deles. Por sua própria beleza e nobreza, eles exigem uma resposta por parte dos que os percebem; eles moldam e reorganizam as subjetividades dos que os contemplam. Podemos falar legitimamente sobre gosto pessoal ou preferência individual com relação àquilo que é apenas subjetivamente satisfatório; mas, para os valores objetivos, essa linguagem seria inapropriada. Seria estranho que alguém, depois de examinar o teto da Capela Sistina, dissesse: “Não é o tipo de pintura que me agrada”. Seria ainda mais estranho que alguém, tendo ouvido a história do sacrifício voluntário de São Maximiliano Kolbe em Auschwitz, dissesse: “Esse tipo de coisa não me interessa”. Os valores autênticos apelam para o sujeito e exigem dele uma resposta.
Para Hildebrand, o elemento indispensável e fundamental na formação de uma verdadeira personalidade é o “contato intencional com o mundo dos valores”. Isso significa uma resposta da mente (“Isso é verdade”), da vontade (“Isso é bom”) e do coração (“Eu me regozijo com isso”) a toda uma gama de valores objetivos. Ora, todos os valores — desde as óperas de Mozart às catedrais góticas e aos esplêndidos atos morais — não são senão participações no insuperável valor de Deus e reflexos dele. Portanto, para ser uma personalidade completa, é preciso, sobretudo, estar preparado para dar a Deus uma resposta válida — e isso nos traz ao limiar da liturgia.
Todos os aspectos e dimensões da oração formal da Igreja servem para direcionar corretamente o adorador ao valor supremo. A linguagem reverente da liturgia, por exemplo, nos convence de que toda “familiaridade fácil” é inadequada em relação a Deus; ela também inculca, como consequência, uma atitude de reverência em relação ao próprio corpo e até mesmo em relação à pureza da própria matéria. O radical teocentrismo da liturgia nos impele, a nós, pecadores, para fora do nosso natural egocentrismo, e com isso nos prepara para ver com olhos novos até mesmo os valores criados. Uma pessoa orgulhosa ou concupiscente aprecia as coisas apenas na medida em que servem aos seus propósitos, mas a pessoa formada na liturgia consegue ver as coisas como repositórios de valor. São palavras do próprio Hildebrand: “Acima de tudo, é um sinal de deficiência, em profundidade e amplitude, que um homem leve mais em consideração os bens que meramente proporcionam prazer... do que os bens que promovem a felicidade espiritual”.
Um tema que é amplamente desenvolvido no decorrer deste livro é o da consciência espiritual. Ser uma verdadeira personalidade é estar desperto para os valores, tanto naturais como sobrenaturais, que se apresentam regularmente. Hildebrand argumenta que o homem comum “atravessa a vida num estado de inércia espiritual”, mesmo que tenha uma mente ágil e esteja atento às exigências práticas. Através de sua linguagem, gestos e simbolismo próprios, a liturgia nos compele a abrir nossas mentes às dimensões morais e espirituais da vida e, finalmente, a abrir nossos corações para ouvir a voz de Deus. Em nenhum outro lugar esse chamado a estar desperto é mais claro do que na linguagem da liturgia Pascal: “Buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus; saboreai as coisas do alto, e não as da terra”.
Outro tema que Hildebrand desenvolve é o da discretio (discernimento) na liturgia. Hildebrand sustenta que, tanto na ordem natural como na sobrenatural, os valores geralmente se revelam gradualmente, desdobrando-se de acordo com um ritmo interno. Isso vale para as plantas, para as amizades e para a auto-revelação de Deus. Uma das tristes características da pessoa moderna é a tendência de impacientemente ignorar esse processo e, consequentemente, violar o “logos objetivo das coisas”. Em sua maneira solene, gradual e paciente de revelar o mistério de Deus, a liturgia da Igreja inculca de modo belo a discretio.
Publicado pela primeira vez em 1933, no auge do “movimento litúrgico” da Europa e da América, este esplêndido texto funciona como uma excelente ferramenta de interpretação para a Sacrosanctum concilium, o documento do Concílio Vaticano II sobre a liturgia, e para as reflexões litúrgicas do Papa Bento XVI. Numa época em que tantos perderam a noção do que é a Missa, esta reedição do livro Liturgia e Personalidade será de valor inestimável.
Robert Barron
Bispo Auxiliar de Los Angeles
O Bispo Robert Barron é autor, palestrante, teólogo e fundador do Word on Fire, um ministério de mídia global. Ele foi nomeado Bispo Auxiliar de Los Angeles pelo Papa Francisco em 2015.
(...)
Introdução
Liturgia e Personalidade — ou seja, o espírito corporificado na liturgia, a formação espiritual do homem que vive esse espírito e a personalidade assim adquirida — é um dos temas mais amplos que existem, pois é o espírito do homem-Deus que fala conosco através da liturgia, e um estudo completo desse tema inclui ao mesmo tempo o desenvolvimento da personalidade e uma análise da essência tanto da liturgia quanto da personalidade. O presente trabalho não tem a intenção de tratar o tema em sua totalidade. Apenas alguns de seus aspectos básicos serão considerados aqui, especialmente os aspectos que mais facilmente escapam à nossa atenção. Em alguns casos, quando são óbvias ou já foram tratadas adequadamente em outros lugares, até características muito importantes serão deixadas de lado. Estas considerações podem ajudar o indivíduo a participar da celebração da liturgia com uma consciência mais profunda, com uma percepção mais aguçada de suas profundidades inesgotáveis, seu classicismo, sua natureza profundamente orgânica, e com uma nova abertura da mente para a sua preeminência essencial sobre todas as outras formas de devoção. As palavras de Jesus, dirigidas à mulher Samaritana: “Se conhecesses o dom de Deus!” aplicam-se melhor à liturgia do que a qualquer outra coisa.
O que a liturgia significa
As opiniões se dividem com relação à extensão do significado da palavra “liturgia”. Alguns a aplicam a todos os serviços divinos realizados por um sacerdote a serviço da Igreja, incluindo as devoções de maio, a Via Sacra e outras devoções especiais, como também a santa Missa e a recitação do Ofício Divino. Outros restringem seu escopo, como também nós faremos neste estudo, à Santa Missa, que é a liturgia em seu sentido mais elevado, ao Ofício Divino e à administração dos sacramentos e dos sacramentais.
O propósito deste livro
Embora o presente livro tenha a intenção de enfatizar o poder excepcional da liturgia para a formação da personalidade, devemos ao mesmo tempo ressaltar que essa formação não é a intenção primária da liturgia. O Ofício Divino é recitado primordialmente porque todo o louvor e toda a glória são devidos a Deus, a plenitude de toda a santidade e majestade, e não porque ele provocará em nós uma transformação. A liturgia não é primordialmente um meio para a santificação ou para o exercício ascético. Sua principal intenção é louvar e glorificar a Deus, responder adequadamente a Ele. Essa intenção está expressa nas palavras do Glória da Santa Missa: “Nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós Vos adoramos, nós Vos glorificamos, nós Vos damos graças por Vossa imensa glória... Pois só Vós sois o santo... Só Vós o altíssimo...”. A mesma intenção é expressa na oração que se inicia com “Sacrosanctae et individuae Trinitati” (à Santíssima e indivisa Trindade), recitada no final do Ofício Divino do dia.
A segunda intenção é pedir a graça de Deus, mas mesmo aqui a recitação do Ofício não deve ser interpretada como um meio psicológico de preparar o caminho para a graça, como é o caso do jejum, do silêncio, da disciplina e outras práticas consideradas como puramente ascéticas. A intenção do Breviário não é melhorar nossa vida moral por nossas próprias forças, mas implorar a Deus que atenda nossas solicitações religiosas. Essas duas intenções podem ser discernidas no Aperi, que precede a recitação do Ofício: Ut digne, attente, ac devote hoc officium recitare valeam, et exaudiri merear ante conspectum divinae majestatis tuae (Que eu possa rezar digna, atenta e devotadamente este Ofício, e mereça ser atendido na presença de vossa divina Majestade). A primazia da primeira intenção do Ofício — a de louvar adequadamente a Deus — está expressa distintamente nas palavras que concluem a oração: Domine, in unione illius divinae intentionis, qua ipse in terris laudes Deo persolvisti, hastibi horas persolvo (Ó Senhor, unido à intenção divina com a qual Vós, enquanto na terra, louvastes a Deus, ofereço-vos estas horas).
Glorificar a Deus também é a intenção principal da Santa Missa. A ela deve ser acrescentada a concessão da graça redentora aos homens, mas a Santa Missa nunca deve ser oferecida com a única intenção de participar de suas graças. A intenção de adorar a Deus e de oferecer-Lhe o sacrifício “por Cristo, com Cristo e em Cristo” é a verdadeira condição para a renovação da incorporação a Cristo e para o aumento da graça.
E por fim, quanto aos sacramentos, seu propósito principal é a participação do homem na vida divina. A intenção dominante na recepção dos sacramentos é, obviamente, a santificação e união com Deus, embora o objetivo final da santificação, por sua vez, deva ser dar glória a Deus. É importante compreender que aqui também, como no caso da Santa Missa e da recitação do Ofício Divino, interpretar os sacramentos como um meio psicológico para a santificação — como, por exemplo, os exercícios ascéticos em si mesmos — implicaria uma falha radical no entendimento da sua natureza. Embora seja necessária certa disposição da pessoa para um fecundo desdobramento da vida espiritual, desde o volo (eu quero) do batismo até a contrição exigida para uma confissão verdadeira ou mesmo válida, o efeito nunca pode ser alcançado através dessa disposição como tal, mas apenas através de um ato gratuito de Deus, para o qual a disposição do homem é apenas um pré-requisito.
Novamente, precisamos salientar particularmente que, ao examinar o processo pessoal de transformação suscitado pelo espírito encarnado na liturgia, não estamos interpretando a liturgia como algum tipo de meio pedagógico.
Mostrar que esse processo de transformação existe não significa que ele seja o objetivo essencial da liturgia, ou que seja a intenção com a qual ela é, ou deveria ser, celebrada. Ao contrário, precisamos entender que uma das especiais razões da força e da profundidade da transformação da personalidade suscitada pela liturgia é o fato de que essa transformação não é o objetivo em vista; e mais do que isso, que a liturgia é colocada em prática inteiramente com outra intenção. Pois a transformação mais profunda da personalidade ocorre não quando os meios para essa transformação são buscados deliberadamente, mas quando vêm à tona de modo totalmente gratuito através de uma atitude que é significativa em si mesma. Essa atitude é como a do amor inteiramente direcionado ao seu objeto, um amor que em sua própria essência é uma “resposta-ao-valor” pura, que vem à existência apenas como resposta ao valor do objeto amado, e que deixaria de existir tão logo se tornasse um meio pedagógico para o autoaprimoramento. De tal atitude emana uma ação libertadora, suave e que revela o valor com força e intensidade incomparáveis. E se Platão está certo ao dizer que a alma cria asas ao contemplar os valores, esse ato de contemplação deve ser entendido como uma irradiação do “eu” pelo “Sol dos Valores”, como uma prontidão para se doar a essa irradiação e nela imergir. A alma cria asas — ou seja, a transformação interior mais profunda acontece — apenas se existir uma penetração real dos valores e se um verdadeiro esquecimento de si mesmo for alcançado. No momento em que esse ato de “contemplar os valores” se torna um meio para alcançar essa transformação, ele deixa de ser uma irradiação genuína dos valores, e os valores deixam de ser considerados com a seriedade adequada; não existe mais uma comunhão com o mundo dos valores, e se interrompe assim a transformação profunda.
O efeito pedagógico mais profundo só é alcançado através de algo que não é usado como meio pedagógico: é alcançado através de algo que, sendo independente da ação pedagógica, a proporciona como superfluum ou como um dom da superabundância. Portanto, a transformação mais profunda e mais orgânica do homem no espírito de Cristo se realiza precisamente no momento em que respondemos de maneira pura aos valores, quando nos entregamos à glória de Deus, à glorificação de Deus realizada através dos serviços divinos, quando permanecemos Coram ipso (diante Dele), quando nos alegramos pela existência de Deus, pela Gloria Domini (glória do Senhor), pelas magnalia Dei (grandes obras do Senhor). Conforme rezamos e oferecemos o sacrifício liturgicamente — ou seja, por Cristo, com Cristo e em Cristo — glorificando a Deus, nos “revestimos de Cristo” (induere Christum), como a liturgia ousadamente o expressa.
Mas, será que precisamos enfatizar essa transformação e dar-lhe um significado consciente, considerando que ela vem à tona por si só, e, mais ainda, que não deve ser buscada por si mesma? Sim, porque, em primeiro lugar, ao tomar consciência das atitudes fundamentais incorporadas na liturgia, entendemos mais profundamente a liturgia e seu espírito, o que nos torna capazes de colocá-la em prática de maneira mais consciente e genuína. E mais do que isso, a Face de Cristo se revela na liturgia: a liturgia é Cristo rezando. Aprender as disposições fundamentais incorporadas na liturgia significa penetrar mais profundamente no grande mistério da adoração a Deus, que é Jesus Cristo. Quanto mais conscientemente o espírito de Cristo é compreendido e vivido na liturgia, e quanto mais a liturgia se transforma para nós numa “imitação de Cristo”, mais profunda é a transformação do homem em Cristo.
Além disso, temos hoje a necessidade urgente de um estudo desse tipo, já que muitos ainda preferem outras formas de devoção e prática religiosa. Eles não reconhecem o fato de que é precisamente na liturgia que nos são apresentados, na forma mais profunda e orgânica, os frutos da vida divina que recebemos no batismo, e que o homem que é formado inteiramente pelo espírito da liturgia mais se assemelha a Cristo. Não que essa formação somente possa ser conseguida através da liturgia! Deus é capaz de fazer das pedras filhos de Abraão. Ele pode dar esse espírito a um homem que não tenha senão uma escassa familiaridade com a liturgia e reze de modo pouco semelhante às fórmulas litúrgicas. Mas em cada santo, em quem a imagem de Cristo renova seu brilho, vive o espírito da liturgia. Talvez nem sempre se encontre esse espírito nos ensinamentos de um santo, ou nas formas de devoção introduzidas por ele, mas ele está lá, em sua santidade, no fato de que ele é um santo. Continuará sendo verdade que a liturgia, em sua relação orgânica com a oração interior e o ascetismo, é o caminho dado por Deus para o crescimento em Cristo. Para aqueles a quem esse fato permanece escondido, nossos corações devem sempre fazer eco às palavras já citadas: “Se conhecesses o dom de Deus!”
Capítulo Um
A liturgia e a vocação do homem
O propósito de toda a criação é a imitação e a glorificação de Deus, aquele que é inconcebivelmente glorioso e santo. O que é criado — quer pertença ao reino da matéria pura, como o mar ou as montanhas, quer ao reino da vida orgânica, como a planta e o animal, ou à esfera das coisas espirituais, como as obras de arte, uma época cultural, a comunidade, a pessoa espiritual em si — existe apenas para imitar e glorificar a Deus, realizando a ideia divina a seu respeito, e ao mesmo tempo levando à plenitude a totalidade dos valores aos quais está ordenado. Pois todos os valores — a bondade, a beleza, o mistério da vida, a luz nobre da verdade, e mesmo a própria dignidade do ser (em oposição ao nada) — são raios que irradiam do ser de Deus, que é toda a santidade. Tudo o que é bom e bonito, tudo o que possui um valor, é um reflexo da eterna luz de Deus e O imita à sua própria maneira.
Os valores não são apenas como o orvalho vindo do céu, mas são também como o incenso subindo ao céu; cada valor, em si, direciona a Deus uma palavra específica de glorificação. Um ser, ao louvar a Deus, louva-O segundo o seu valor próprio, através daquela preciosidade interna que o marca como tendo sido retirado da esfera da indiferença. A natureza louva a Deus em sua beleza, não apenas porque fala de Deus ao homem e o inspira a louvar a Deus, mas também através do louvor silencioso que nasce de sua própria beleza. Isso é verdade para cada obra de arte, cada comunidade perfeita, cada verdade, cada atitude moral. O homem, a criatura mais preciosa que conhecemos através da experiência (e que não é apenas um traço [vestigium] de Deus, mas também uma imagem [imago] de Deus), é chamado não apenas a ser, por seu valor, um louvor objetivo a Deus, como todo o resto da criação, mas também a dar-Lhe glória de um modo consciente.
(...)