Braz e a parábola dos talentos
Braz era um menino alto, mas não muito; magro, mas não muito; inteligente, mas não muito. Com 11 anos de idade, já tinha adquirido gosto pelo futebol, pela natação e por disputas com os amigos para ver quem corria mais rápido. Nos estudos, saía-se melhor com a matemática, o que não significa que tivesse um mau desempenho nas outras disciplinas. Pelo contrário, era um estudante dedicado, conseguindo assim sempre boas notas, mesmo que uma ou outra matéria lhe custasse mais aprender.
Num determinado dia, Braz foi à Missa com seus pais e seus três irmãos, incluindo a bebê de três meses (felizmente, ela estava com muito sono e por isso quase não chorou durante a cerimônia), e foi nesse determinado dia que uma luz acendeu em sua mente. Já havia ido a muitas Missas antes e muitas vezes a leitura do Evangelho apresentava alguma parábola1 narrada por Jesus. Além disso, nessas ocasiões a homilia2 do padre sempre fazia referência à parábola do dia e, assim, ficava mais fácil entender o que Jesus queria dizer ao contar cada uma delas. A questão é que, naquele dia, o Evangelho narrava a parábola dos talentos. Nessa parábola, Jesus conta que um homem, antes de partir para uma viagem, distribuiu boa parte de seu dinheiro entre três empregados. Na parábola, o dinheiro é chamado de “talentos”, e podemos imaginar como sendo grandes barras de ouro. Pois bem, o homem deu cinco talentos para um empregado, dois talentos para outro e um talento para o terceiro empregado. O que o homem queria é que os empregados usassem esse dinheiro para ganharem ainda mais dinheiro, ou seja, queria que os empregados tivessem grandes lucros a partir do ouro que receberam inicialmente.
Braz se lembrava de já ter ouvido essa parábola, mas quando o padre continuou a leitura, chegando na parte em que o homem voltou e perguntou aos empregados sobre o dinheiro e os lucros, parece que Braz compreendeu melhor a mensagem de Jesus. Na parábola, os dois primeiros empregados – o que tinha recebido cinco talentos e o que tinha recebido dois – lucraram o dobro do que tinham recebido inicialmente, e por isso foram muito elogiados pelo patrão, recebendo grandes recompensas. Mas foi trágico o que aconteceu com o empregado que havia recebido só um talento. Para quem não sabe, esse empregado enterrou sua barra de ouro, e não fez nada com ela durante todo o tempo que esperou seu patrão voltar. Por isso, o patrão falou que ele era um “servo mau e preguiçoso”, e o mandou embora, dando-lhe um grande castigo.
Você deve estar se perguntando o que o Braz achou de especial nessa parábola. Acontece que ele simplesmente entendeu o ensinamento que Jesus queria transmitir com essa história. O homem que saiu de viagem representa Deus, e os empregados somos cada um de nós. Podemos imaginar que os talentos que recebemos são os dons que Deus concedeu a cada um, e Ele (uso a letra maiúscula porque me refiro a Deus) quer que aproveitemos esses dons para fazer coisas boas com eles. Já pensou se os enterramos por preguiça ou má vontade, como aconteceu com o servo da parábola? Aconteceria o que de pior pode nos acontecer, que é nos afastarmos de Deus e perdermos a recompensa que Ele nos preparou. Tudo isso veio à mente de Braz quando o padre acabou de ler a parábola na Missa daquele determinado dia. Sabe quando alguma coisa fica na nossa cabeça e toda hora estamos pensando nela? Foi isso o que aconteceu com Braz. A todo o momento ficava pensando nos dons e talentos que ganhou de Deus (podemos agora usar a palavra “talento” em outro sentido, como sendo a capacidade de fazer coisas boas). Braz se deu conta de que tinha nascido em uma ótima família, tinha aprendido as verdades sobre Deus desde que era bem pequeno, tinha tido oportunidade de estudar em um bom colégio, etc. Tudo isso eram dons que devia fazer render, ou seja, eram presentes de Deus que tinha obrigação de aproveitar da melhor maneira possível.
A vida de Braz a partir desse dia mudou, mas não muito. Não mudou muito porque raramente as coisas mudam completamente de uma hora para outra, mesmo que a gente descubra coisas interessantes comunicadas por Deus em nosso coração. Mas, depois de um tempo, essas pequenas mudanças fazem muita diferença, e foi isso o que aconteceu com o Braz: procurava sempre aproveitar da melhor maneira possível os dons recebidos de Deus, e assim quase sempre tomava boas decisões, agradando a Deus e transmitindo alegria a todo mundo.
Glossário
1. Parábolas: breves histórias contadas por Jesus que, mesmo não tendo acontecido de verdade, trazem ensinamentos que podemos aplicar em nossas vidas.
2. Homilia: explicação que o padre dá a respeito das leituras feitas na Missa.
Atividade
Reflita uns minutos e escreva quais são os talentos que você recebeu de Deus que considera mais importantes.
O que você entende por “fazer render os talentos recebidos de Deus”? No seu caso, como você pode fazê-los render?
Braz e a bondade de Deus
Braz tinha muitos amigos e nenhum inimigo. Concordo que não é comum um menino de 11 anos ter inimigos, mas sempre tem aqueles colegas chatos que não dão sossego e que poderíamos chamar, abre aspas, inimigos, fecha aspas! No caso de Braz, ele se dava bem com todo mundo, talvez porque se esforçasse por tratar bem todas as pessoas, e também porque não costumava cair nas provocações que de vez em quando algum colega lhe fazia. Ah, outra coisa importante: ele não falava mal de ninguém, e muito menos pelas costas.
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